Ômega-3 ajuda a emagrecer
Mais uma vez o ômega-3 surpreende os especialistas: além de proteger as artérias e combater inflamações, ele ajudaria a eliminar os quilos extras
A ação contra a obesidade foi discutida no XV Congresso Latino-Americano de Nutrição. No evento, um dos destaques foi a apresentação do nutricionista Dennys Cintra, da Universidade Estadual de Campinas, no interior paulista. “Várias experiências apontam que a obesidade estaria relacionada a inflamações, e nós sabemos que o ômega-3 tem um bom potencial anti-inflamatório. “Por isso, decidi checar se esse tipo de gordura auxiliaria no emagrecimento”, justifica.
O nutricionista primeiro induziu um grupo de ratinhos a ganhar peso, graças a uma alimentação rica em gordura saturada. Então, quando os animais entravam nesse estado, Cintra examinava seu hipotálamo, região do cérebro que controla a fome. “As partículas de gordura saturada provocaram uma superprodução de citocinas, substâncias inflamatórias que impediam aquela área cerebral de disparar o sinal de saciedade”, relata.
O mecanismo, idêntico em seres humanos, se desenrola assim: “Quando nos alimentamos, são secretados os hormônios leptina, pelos tecidos gordurosos, e insulina, pelo pâncreas. Eles avisam o cérebro que é hora de frear o ímpeto de continuar comendo”, ensina a fisiologista Tatiana Rosa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Acontece que a inflamação atrapalha essa troca de informações. Na tentativa de interromper esse ciclo, Cintra inoculou, por meio de uma cânula, o ômega-3 no cérebro dos roedores, confirmando que o ácido graxo reverte o processo inflamatório e restabelece a atividade celular. Por fim, suplementou a dieta das cobaias com óleo de linhaça. Segundo ele, “Uma dose baixa do ômega já reduz a inflamação cerebral, a velocidade de engorda e a gordura visceral nos animais.
Para testar em humanos, uma equipe da Universidade de Navarra, na Espanha, resolveu comparar o impacto de duas dietas pouco energéticas, com menos de 1.500 calorias diárias, na queima dos quilos extras e na saúde de 32 indivíduos.
Os participantes foram divididos em dois grupos e cada um deveria aderir, durante oito semanas, a planos alimentares distintos. A única diferença entre eles foi a inclusão de três porções semanais de peixes ricos em ômega-3. O peso, os perfis de colesterol e de triglicérides, as taxas de insulina e de leptina foram mensurados no início e no final do experimento. “Houve uma melhora significativa na ação da insulina nessas pessoas”, revela Itziar Goñi, a autora do estudo.
Tantas façanhas têm justificativa. “O ômega-3 ativa uma proteína celular chamada PPAR-gama. Acelerada, ela melhora a atuação da insulina nas células, facilitando sua tarefa de converter açúcar em energia. Além disso, estimula enzimas responsáveis pela degradação de triglicérides”, acrescenta Tatiana. “De fato, o consumo dos peixes provocou redução não só nas taxas dessa gordura como nas de colesterol ruim, o LDL”, confirma Itziar. Em outras palavras, o ômega-3 também combate esses algozes das artérias, prevenindo doenças cardiovasculares.
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